sexta-feira, 31 de maio de 2013

Experiências do Théâtre du Soleil para um Público Privilegiado


O Théâtre du Soleil, dirigido por Ariane Mnouchkine, é um dos melhores e mais importantes grupos de teatro do mundo. Fundado em 1970, na Cartoucherie de Vincenes, em Paris, o Théâtre du Soleil ficou famoso mundialmente pelo primor de seus espetáculos.

Com forte influência do teatro oriental, Ariane e sua troupe também têm um forte compromisso político e social em seus espetáculos. Os últimos três espetáculos do Théâtre du Soleil vieram ao Brasil permitindo que o público local pudesse apreciar de perto o trabalho de artistas tão importantes no cenário teatral. Não há o que se dizer sobre esse grupo, a não ser ressaltar a excelência do trabalho dos atores, dramaturgos, músicos, cenógrafos, figurinistas, maquiadores e de toda a equipe técnica, liderados pela maravilhosa Ariane Mnouchkine. Vale à pena vocês guardarem esse nome para que, na próxima oportunidade, possam assistir a um dos espetáculos desse grupo francês.

Porém, o público pelotense teve o privilégio de assistir a Palavra de Ator, apresentada no auditório Jandir Zanotelli, da UCPEL, no dia 29 de abril de 2013, com entrada franca. Esse espetáculo, trazido pelo SESC Pelotas, contava com dois artistas que integram o elenco do Théâtre du Soleil, a brasileira Aline Borsari e o experiente Maurice Durozier.

O espetáculo, em tom didático, conta a história de um ator que vai respondendo às perguntas de sua pupila sobre o que é teatro e o que representa ser ator. Aline se coloca como “escada” para que Maurice vá aos poucos relatando um pouco da sua experiência como ator e de suas considerações sobre a carreira artística, baseadas em suas vivências junto a um dos mais importantes grupos de teatro do mundo.

A experiência foi válida não somente por estarmos diante de um grande artista, mas pelo caráter didático com que ele foi explicando aos presentes o que representa a profissão dos atores, como é o seu trabalho e quais os princípios éticos que devem norteá-la. Foi uma aula, principalmente, aos atores novatos, àquelas pessoas que apreciam a arte, àquelas que trabalham em áreas relacionadas ao teatro, mas que ou não tiveram uma carreira artística, ou estão dando os seus primeiros passos nesse sentido.

Ouvir as declarações de um ator que traz em si a experiência dos palcos gravadas em seu corpo supera qualquer discurso teórico sobre a arte teatral, pois ali está alguém que realmente vive essa arte, a mantém viva e pulsante nos palcos do mundo inteiro. Considero que o público presente saiu dali contente por ter tido a oportunidade de conhecer um ator tão importante como Maurice Durozier.

Tomara que um dia a cidade de Pelotas possa ter a oportunidade de trazer algum espetáculo do Théâtre du Soleil para o seu público, assim como as cidades de São Leopoldo e Porto Alegre já tiveram. Para aqueles que desconhecem o trabalho desse grupo de teatro, lhes deixo a indicação do site deles: http://www.theatre-du-soleil.fr

Vagner Vargas
Ator – DRT: 6606
Crítico de Teatro


Teatro Infantil Está Longe de Ser Fácil


Quando recebi a divulgação de um espetáculo infantil que seria apresentado no Theatro Guarany no dia 03 de abril de 2013, dois sentimentos surgiram. O primeiro de curiosidade pela obra que eu desconhecia e o outro de medo pela possibilidade de termos mais uma peça de teatro infantil com qualidade duvidosa e que trate as crianças como seres sem senso crítico.

Já comentei em outras críticas sobre o descaso com que alguns grupos de teatro tratam a concepção das peças infantis. Alguns atores criam personagens tão canastras que as crianças não demoram nem cinco minutos para se desinteressarem pela história. Outros diretores confundem desfile de carnaval com espetáculos para teatro e concebem encenações poluídas com fantasias em vez de figurinos; cenários desconectados da proposta, mas que esbanjam uma suntuosidade vazia; iluminação no estilo árvore de natal e músicas que costumam passar nos programas da TV aberta durante os domingos, ao invés de uma trila musical adequada ao contexto e ao público alvo.

Apesar de fazer essa introdução, não quero dizer que o espetáculo sobre o qual escreverei logo a seguir tenha cometido esses equívocos. Mas, sempre que se ouve falar de uma peça de teatro infantil, todas essas situações se tornam recorrentes e fazem necessárias de serem trazidas ao contexto de toda crítica teatral para que os leitores, quando forem ser espectadores de tais espetáculos, já se desloquem de suas casas com o olhar aguçado. Tomara que essas advertências já sirvam como estímulo a você que está lendo esse texto para criticar e negar os próximos espetáculos infantis que venha a assistir e se enquadrem nas características descritas acima. Os ganhadores dessa postura serão as crianças, pela exigência de qualidade superior nas peças de teatro que lhes são ofertadas.

O espetáculo Céu e Terra, Água e Ar, Tudo Fede Sem Parar..., baseado no texto alemão Wasser in Eimer, de Reiner Luckner e Stefan Reisner, tem a direção de Camilo de Lélis, dramaturgia de Ramón Berta Wayne, adaptação de José Lutzemberger, até que tem uma boa intenção ao se propor a contar uma história que incentiva o valor e a preservação do meio ambiente. No entanto, a história não saiu do palco. As crianças não se identificaram e não “viajaram” no enredo. Isso se tornava perceptível pelo fato da enorme dispersão das crianças, além da agitação de costume em uma peça infantil. As crianças não prestavam atenção na história e mais queriam brincar na plateia do teatro, do que prestar atenção na peça.

Possibilidades para essa rejeição das crianças são inúmeras. Nesse sentido, vou me ater apenas as que acredito que pudessem ser resolvidas facilmente pelo diretor do espetáculo. Em primeiro lugar, um teatro como o Guarany que possui um sistema acústico direcionado para grandes espetáculos musicais, sempre causa um enorme problema aos atores, já que esses não costumam ter a técnica vocal dos cantores de ópera para conseguirem ser ouvidos em todos os cantos da plateia. Sobretudo, em um espetáculo infantil, onde sabemos que as crianças sempre permanecerão conversando e se manifestando durante toda a apresentação. Esse fato demanda que os atores tenham uma técnica vocal impressionante para que suas vozes consigam se sobressair as dos espectadores.

Mas, no caso do Teatro Guarany, fazer uma apresentação para o público infantil é quase que uma tortura para o elenco, já que a acústica do teatro não lhes favorece. Desse modo, acredito que caberia ao diretor constatar esse problema e providenciar microfones ao elenco para que as crianças pudessem ao menos terem escutado a história da peça. Talvez, esse tenha sido um dos motivos pelos quais os espectadores se mostravam tão desinteressados, pois eles, simplesmente, não ouviam o que estava acontecendo.

Sobre o elenco formado por Evandro Soldateli, Lisandro Bellotto, Elisa Lucas e Ana Schneider, destaco as participações dos dois atores, uma vez que seus esforços em se fazerem ser ouvidos obtinham melhores resultados. O destaque ficou para Evandro que conseguia desenvolver uma relação mais próxima com a plateia e controlá-los com mais facilidade que o resto do elenco, além de conseguir ter um volume vocal que lhe favorecia.

Algumas piadas fáceis e soluções simplistas para a história não funcionaram em nenhum momento. Além disso, me parecia que o texto continha piadas que apenas os adultos compreenderiam o subtexto delas. Todas elas eram desnecessárias à história daquelas personagens.

Outro fator me incomodou bastante foi a iluminação. O espetáculo foi muito mal iluminado. A maior parte do tempo havia pouca luminosidade. Os espectadores já estavam com dificuldade de ouvir os atores e ainda havia pouca luminosidade. As cenas eram escuras, sem terem a necessidade de ser. Não era uma opção estética de encenação. Se foi, ela estava incoerente com todo o resto do espetáculo. Além disso, apesar do equipamento de iluminação presente no local, os focos estavam mal afinados, criando sombras inclusive nos lados do palco, desviando a atenção a cada vez que eram acessos.

O público infantil carece de espetáculos teatrais. Porém, isso não significa que devemos descuidar da qualidade do produto artístico que ofertamos às crianças. Essas experiências e vivências serão importantíssimas na formação de plateias futuras e no desenvolvimento do senso estético dessas pessoas. Por esse motivo, reforço a necessidade de olharmos para o teatro infantil com olhos mais respeitosos e não o encararmos como uma fatia mercadológica de venda fácil para os espetáculos de teatro.

Mesmo tendo uma sensação desagradável em relação a esse espetáculo, saliento que todos os artistas envolvidos nessa montagem são bastante reconhecidos pela sua competência no meio artístico. Inclusive, observei o estado de exaustão que os atores ficaram após a apresentação, dadas as condições estruturais da casa de espetáculos. Porém, todas essas questões deveriam ser mais cuidadas pela produção da peça ainda durante o seu processo de ensaios.

Vagner Vargas
Ator – DRT: 6606
Crítico de Teatro


O Dia em que Donizetti se Contorceu


Espetáculos de ópera continuam tendo um público expressivo independentemente da cidade em que sejam apresentados. Alguns preconceituosos e desconhecedores dessa linguagem artística podem comumente proferir comentários considerando-a ultrapassada ou desinteressante aos espectadores contemporâneos. Entretanto, seus parcos argumentos vêem de encontro à postura do público pelotense.

A relação histórica de apreço que o público de Pelotas tem com a ópera permanece forte até os dias de hoje. Nos últimos anos, nossa cidade tem recebido espetáculos de ópera pelo menos uma vez ao ano, com a plateia lotada e a corrida por ingressos faz com que eles se esgotem em poucas horas após serem disponibilizados aos espectadores.

Essa situação também foi observada para a ópera Il Campanello, de Gaetano Donizetti, apresentada em 16 de janeiro de 2013, no Theatro Guarany, dentro da programação do III Festival Internacional SESC de Música. Essa peça é considerada como sendo uma das mais engraçadas de Donizetti e conta a história de Enrico, um homem que promove diversas peripécias para atrapalhar a noite de núpcias de sua amada Serafina, com o farmacêutico Don Annibale. Apesar do conteúdo divertido da história escrita pelo autor italiano, o que vimos deixou muito a desejar no quesito comicidade.

A regência do espetáculo esteve a cargo do excelente Evandro Matté, responsável pela condução da Orquestra Unissinos Anchieta. Como solistas tivemos a soprano Luísa Kurtz, o baixo Saulo Javan e o barítono Douglas Hahn. Não me aterei à qualidade musical desses artistas, pois o preparo técnico tanto dos instrumentistas, quanto dos cantores e do próprio regente são impecáveis e perceptíveis a quaisquer pessoas, assim como a competência musical de todos esses profissionais.

No entanto, apesar do experiente e competente Luis Paulo Vasconcelos ter dirigido essa ópera, o resultado final pecou no que se refere à verossimilhança cênica. Mesmo fazendo esse comentário, gostaria de salientar o meu profundo apreço, admiração e respeito pelo trabalho de Luis Paulo Vasconcelos, um dos mais importantes diretores, atores e teatrólogos do nosso estado. Porém, não somos obrigados a acertarmos sempre e até mesmo os grandes cometem erros. Raramente, mas também podem cometê-los.

Outro fato que gostaria de destacar se refere ao elenco de atores que compunham as cenas. Alguns deles são experientes atores, com sólida carreira reconhecida no teatro e cinema gaúcho. Entretanto, o que víamos em cena era um excesso. Um exagero em querer parecer engraçado, em querer ser expressivo. Alguns dos figurantes pareciam querer se mover o tempo inteiro no palco, sem saberem o objetivo de tal fato. Em outros momentos, havia uma super atuação no que se refere à tentativa de busca da provocação do riso fácil.

Apesar dos cantores serem excelentes, percebia-se que eles haviam sido orientados a buscarem um tipo de comicidade que está ultrapassada nos dias de hoje e, na verdade, não fica nada engraçado. Além disso, o restante do elenco se mantinha em cena na linha do over acting. Mas, não que isso esteja de acordo com a proposta e sim porque estavam exagerados demais. A provocação forçada de piadas com situações atuais e regionalismos forçados perdia o time de comédia e não funcionava em momento algum.

Infelizmente, devo dizer que a responsabilidade por tais situações são do diretor que pecou nesse quesito ao conduzir o seu elenco a um estilo de atuação e resoluções cênicas que não funcionam mais nos dias de hoje. Talvez, esse estilo de interpretação funcione em alguns programas televisivos considerados de humor. Mas, no teatro não funcionam.

A iluminação foi um capítulo à parte. A impressão que eu tive foi de que o iluminador não fazia a menor ideia do que estava fazendo na mesa de luz. O fato de a luz estar vazada e mal afinada foi pouco perto de algumas situações que ocorreram. Em certos momentos alguns moving lights ligavam e conduziam o foco pelo palco, sem terem relação nenhuma com a cena, muito menos com a localização do elenco. Além disso, por várias vezes, o iluminador errava o foco que deveria acender para a cena que estava acontecendo.

A cenografia me pareceu ser re aproveitada de outro espetáculo. Estava poluída, em dissonância com a proposta. Ela mais parecia estar ali para preencher o espaço cênico, do que para serem funcionais ao contexto da história.

No primeiro momento em que o elenco apareceu em cena, as maquiagens e figurinos me deram um susto. A impressão que tive foi de que haviam assaltado os guarda roupas dos brechós que ainda guardavam as relíquias dos figurinos de filmes do Almodóvar dos anos oitenta. Não havia uma proposta para o figurino. Não bastasse o mal gosto e o exagero gratuito dos vestidos excessivamente brilhosos, a impressão que dava era de que eles haviam sido alugados em algum brechó a esmo, ao invés de terem sido concebidos por um figurinista para esse espetáculo. Se a intenção era situar a peça no interior de uma boate dos anos oitenta, toda a concepção do espetáculo deveria ter sido feita com esse intuito. Porém, não foi o que observamos.

Apesar da visão equivocada com que o visagismo do espetáculo foi concebido, a história divertiu os espectadores mais pelo seu conteúdo e pelos excelentes cantores, do que pela poluição visual que observávamos em cena. Esses aspectos são muito importantes de serem observados quando falamos em uma ópera, pois ela não é um espetáculo de músicas apenas. Uma ópera é uma peça de teatro musical e, como tal, deve ter todos os elementos que compõem a cena concebidos com a mesma importância que desprendemos à técnica vocal dos cantores ou à perfeita execução dos músicos instrumentistas da orquestra.

Exemplos de excelentes espetáculos de ópera existem em diversos países, como as dirigidas por Robert Lepage, as montagens do Metropolitan de New York e em diversos países europeus. No Brasil, apesar do volume de montagens de espetáculos de ópera ainda serem discretos, dado o seu custo operacional, o interesse e procura do público é imenso. Por esse motivo, gostaria de ressaltar a necessidade dos diretores, regentes, músicos, técnicos, cantores e elenco desses espetáculos prestarem a atenção na qualidade o produto cênico que estão oferecendo aos seus espectadores.

Agora, vamos torcer para que as próximas óperas que venham a ser apresentadas em Pelotas estejam impecáveis, como o público pelotense e os artistas da cena merecem. Também espero que, com a consolidação desse importante festival internacional de música que movimenta nossa cidade no verão, nas próximas edições além das óperas também possamos contar com espetáculos musicais nos moldes dos encontrados na Broadway. Acredito que será de grande valia tanto ao evento, quanto aos espectadores, a presença de espetáculos que aliem o canto – demandando uma técnica diferenciada do erudito tradicional voltado às óperas -, excelentes composições musicais, bailarinos e atores que possam transitar por todas essas habilidades, como observamos nos espetáculos musicais contemporâneos.

Vagner Vargas
DRT Ator: 6606
Crítico de Teatro

Mais Um Excelente Trabalho de Valter Sobreiro Jr e do Teatro Escola de Pelotas Volta aos Palcos


Os nomes Valter Sobreiro Jr. e Teatro Escola de Pelotas falam por si só e já trazem uma qualidade intrínseca agregada a quaisquer trabalhos que venham a desempenhar. No dia 19 de dezembro de 2012, não foi diferente. Quando começou a apresentação do espetáculo Entremez da Rainha Dona Maria, a Louca, e seu Fiel Criado Belisário, na Bibliotheca Pública Pelotense, a plateia presente já sabia que se tratava de um excelente espetáculo.

O texto da peça, escrita e dirigida por Valter Sobreiro Jr., conta uma história que se passa em um lixão isolado, à beira de um rio poluído, onde uma mulher, afetada pela loucura, vive a fantasia de ser D. Maria I, rainha de Portugal. A personagem vive em seu castelo de faz de conta, com Belisário, um adolescente mantido aos seus serviços como se vivessem no século XVIII. O mundo fantasioso de D. Maria I é confrontado pela chegada de um bebê ao lixão e, logo em seguida, quando a mãe dele, uma jovem prostituta vem buscá-lo. A partir daí, se desenrola a trama de acontecimentos do espetáculo.

O texto mantém a qualidade e identidade dramatúrgica que Valter costuma imprimir em seus trabalhos. Os diálogos muito bem construídos, alinhavam uma trama coesa, onde nada está sobrando ou fora de lugar. A maneira inteligente como Valter organiza a história, leva os espectadores a refletir sobre a solidão, depressão e a necessidade que algumas pessoas têm em criar desculpas para não encararem a dura realidade de suas vidas. Claro que, no caso da protagonista, esses limites são ultrapassados, confundindo-se entre loucura e sanidade, crueldade e doçura.

Valter Sobreiro Jr. Também assina a cenografia, iluminação e direção do espetáculo. A cenografia simples, porém extremamente funcional e de acordo com a proposta, consegue colaborar para a construção do ambiente desfrutado por D. Maria I e Belisário. De início, ficamos com a impressão de que a peça se passa em algum lugar devastado, lembrando as ambientações backetinianas, onde transitam personagens destruídos pela sua dura condição, sem esperanças para grandes mudanças em suas vidas.

A iluminação compõe uma estrutura dramatúrgica em consonância com os diversos momentos que cada personagem vai enfrentando. Apesar da pouca disponibilidade técnica para iluminação cênica no local, Valter soube potencializar os recursos disponíveis, sem afetar o desenvolvimento das cenas. Além disso, tanto a operação de luz, quanto a paleta de cores utilizadas colaborava para a construção dos momentos da história que transitavam entre os campos onírico, real, insano, assim como também ajudavam na transição das cenas.

A maneira escolhida para realizar as trocas de cenas, assim como a contra regragem encenada por Juliano Gass e Ana Laura Paiva foi muito adequada à proposta. Ambos os atores entravam e saíam de cena, preenchendo e potencializando alguns momentos da história. Além disso, a trilha sonora composta por Leonardo Oxley além de bela, envolvia os espectadores no universo e nos conflitos de cada personagem de maneira muito delicada.

Um capítulo à parte, se refere aos figurinos concebidos por Barthira Franco. Essa peça pode ser um típico exemplo para as pessoas que desejam fazer figurinos para teatro, sobre como adaptar materiais que permitam intensificar a caracterização das personagens de acordo com a proposta do espetáculo. Os figurinos de D. Maria I e Belisário refletem o interior dessas pessoas degradadas por uma vida que abandonou o plano real e criou o seu próprio mundo imaginário.

As texturas, cores e desenhos das vestimentas construíam um ótimo exemplo de como se conceber o visagismo para um espetáculo de teatro. Além disso, os figurinos dos outros personagens contrapondo a realidade da jovem prostituta com a ficção da contra-regragem, traziam os contra pontos perfeitos para fecharem com a concepção de encenação adotada. Este espetáculo é apenas mais um exemplo da qualidade do trabalho de Barthira Franco como figurinista. Isso, sem falar no seu trabalho como atriz, encenadora, maquiadora, cenógrafa e, atualmente, como diretora do Teatro Escola de Pelotas.

O trabalho do ator Sérgio Peres, que deu vida à personagem D. Maria I, merece todos os elogios. A opção de uma atuação não realista e estilizada pode ser a premissa para o desabamento de um espetáculo, quando feita por um ator despreparado. O que não é o caso do experiente e talentoso Sérgio Peres, que assumiu a difícil tarefa de manter essa opção estilística durante todo o espetáculo. Já nas primeiras frases da peça, nós esquecemos completamente de que se trata de um ator interpretando um personagem feminino. Sérgio conseguiu fugir de todas as armadilhas simplistas da estereotipação de uma personagem mulher, interpretada por um homem e ele ainda vai além, conseguindo imprimir todas as nuances e facetas que a personagem necessita à medida que vai revelando sua história à plateia.

Visivelmente, observamos o quanto a construção dessa personagem exige não apenas da sensibilidade de Sérgio Peres, mas também do seu físico. Inclusive, o trabalho corporal e estética adotadas por ele para construir tal personagem, me lembraram as referências trazidas no filme Stage Beauty (2004), quando falam sobre o fato dos atores até o século XVII interpretarem personagens femininas e as suas Five Positions of Feminine Subjugation”. Sérgio, com toda a sua experiência nos palcos, consegue envolver os espectadores nos dramas, traumas e na loucura da sua personagem na medida certa.

O ator Bernardo Pawlak, que interpreta o jovem Belisário, costura a história fornecendo características de doçura, ingenuidade, leveza e sensibilidade para o seu personagem. Bernardo, apesar da pouca experiência nos palcos, não deixa nada a desejar frente ao experiente Sérgio Peres. Muito pelo contrário, Bernardo consegue transitar pelos momentos em que é “escada” e nos momentos em que seu personagem traz a cena para si na medida certa.

Já a experiente atriz Roberta Rangel, quando entra em cena, traz uma personagem que irá desestabilizar as relações já construídas na história. Roberta consegue imprimir verdade cênica a sua personagem, sem a necessidade de maiores esforços. Sua personagem, que é uma jovem prostituta, poderia ser uma fácil armadilha para atrizes inexperientes, caindo em estereótipos ou puxando para características televisivas e pouco inteligentes. Porém, Roberta vai mais a fundo, compreendendo os conflitos de sua personagem e a sua condição naquela história. Roberta sensibiliza os espectadores no drama de sua personagem de maneira muito doce e delicada.

O elo de ligação entre o universo não realista da personagem D. Maria I e a vida cruel e real da prostituta é costurado pelo personagem Belisário. Entretanto, essa situação não fica apenas na construção da dramaturgia textual, ela se manifesta na atuação dos atores. Sérgio Peres atua dentro de uma perspectiva não realista de construção da personagem. Roberta traz uma personagem realista, na dose certa como o contexto necessita. Já Bernardo, consegue transitar por essas duas opções estéticas, sem prejudicar a encenação. Muito pelo contrário, talvez seja esse um dos predicados que qualificam esse espetáculo, fornecendo uma verossimilhança impressionante a todas as personagens, dentro de cada um dos seus contextos.

Obviamente que tudo isso só foi possível, pois toda a equipe fora conduzida pelas mãos do experiente diretor Valter Sobreiro Jr. que soube potencializar as qualidades de cada um dos seus atores com a maestria que sempre observamos nos seus espetáculos. Além disso, também gostaria de destacar a versatilidade da encenação, uma vez que a sua proposta se adéqua tanto para palcos do tipo italiano, quanto para outros espaços cênicos. Este fato é muito importante nos dias de hoje, quando, antes de pensarmos no mercado para os espetáculos de teatro, também precisamos levar em conta as possíveis adaptações espaciais que venhamos a encontrar pelo caminho.

Portanto, termino esse texto recomendando a todos que ainda não foram assistir à Entremez da Rainha Dona Maria, a Louca, e seu Fiel Criado Belisário, que o façam enquanto estiver em cartaz, pois se trata de mais um competente exemplo dos grandes trabalhos de Valter Sobreiro Jr. e do Teatro Escola de Pelotas. Além disso, a população de Pelotas precisa voltar a valorizar as produções teatrais dos artistas de sua cidade e da qualidade dos seus espetáculos tão reconhecidos no resto do país.

Vagner Vargas
Ator – DRT: 6606
Crítico de teatro



Ói Nóis Aqui Traveiz e o seu Amargo Santo da Purificação


Em um final de tarde escaldante do dia 16 de dezembro de 2012, a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz apresentou o espetáculo O Amargo Santo da Purificação no largo do Mercado Público, ao lado da Prefeitura de Pelotas. Essa não foi a primeira vez que o espetáculo esteve na cidade, nem tão pouco a primeira vez que eu o assisti. No entanto, essa foi a oportunidade em que pude ficar mais próximo dos atores, já que anteriormente havia assistido a peça de longe, no centro da cidade de São Paulo.

O espetáculo é uma criação coletiva do grupo porto alegrense e tem no elenco os atuadores Paulo Flores, Tânia Farias, Pedro Kinast De Camillis, Clélio Cardoso, Marta Haas, Edgar Alves, Roberto Corbo, Sandra Steil, Paula Carvalho, Eugênio Barbosa, Lucio Hallal, Paula Lages, Déia Alencar, Alex Pantera, Karina Sieben, Jorje Gil, Aline Ferraz, Eduardo Cardoso, Raquel Zepka, Caroline Vetori, Anelise Vargas, Letícia Virtuoso, Renan Leandro, Alessandro Müller e Jeferson Cabral. Elogiar o exímio cuidado em todos os detalhes que compreendem as encenações do Ói Nóis Aqui Traveiz é uma redundância. Mas, não devemos deixar de tecer tais comentários, uma vez que este não é apenas um dos melhores grupos de teatro do nosso país. O Ói Nóis é um dos mais importantes grupos de teatro do mundo, reconhecido internacionalmente pela qualidade artística dos seus trabalhos, assim como do seu forte engajamento político.

      O Ói Nóis desenvolve uma série de atividades culturais na cidade de Porto Alegre, levando a sua proposta pedagógica que alia a formação crítica e política dos indivíduos com o que há de melhor na instrumentalização artística no nosso país. Não bastasse isso, como esse grupo é formado, antes de tudo, por artistas, o seu foco está sempre na arte. Nesse caso, no teatro. Não apenas no aprofundamento teórico, mas na sua experimentação e criação prática com montagens teatrais de extrema qualidade.

     Em O Amargo Santo da Purificação, com dramaturgia construída coletivamente pela tribo a partir dos poemas de Carlos Marighella, a tribo conta a história de um herói popular que os setores dominantes do nosso país tentaram banir durante o período de ditadura. A temática pode parecer forte demais para um espetáculo de rua. Mas, é justamente a seriedade e a ética com o que o grupo trata desta temática que faz com que a peça prenda a atenção dos espectadores em plena rua.

    Uma obra de arte no nível dos maiores artistas de todos os tempos, assim podemos definir esse espetáculo. Pode parecer exagero para alguns. Entretanto, creio que aqueles que tiveram o prazer de assisti-los comungam da mesma opinião.

   A identidade visual que o grupo traz aos figurinos, maquiagem, elementos de cena, bonecos, assim como nas enormes estruturas que surgem na nossa frente, são fantásticos. Há uma unidade estética naquilo que é construído, apesar de observarmos uma infinidade de referenciais que levaram o grupo a escolha dos mínimos detalhes. Essa sofisticação criativa eleva o trabalho do grupo a um nível de excelência, mas acima de tudo, reflete o quanto eles respeitam e valorizam os seus espectadores.

O trabalho físico dos atores é evidente e resultante de um árduo empenho e dedicação na pesquisa de uma linguagem teatral pautada nos subsídios que seus corpos podem oferecer. O resultado disso, são corpos vivos, dilatados em cena, sem exageros, sem parecerem um bando de loucos gritando e pulando, como muitos pretendentes a atores incorrem no erro de achar que os gritos, respirações arfantes e excessiva movimentação cênica têm a ver com os princípios do teatro físico e da antropologia teatral. No caso do elenco do Ói Nóis, vemos um grupo coeso, coerente com a proposta, éticos na postura como encaram o fazer teatral e, acima de tudo, atletas afetivos, conforme Antonin Artaud tanto falou em seus textos.

O espetáculo começa com dois grupos de atores, vindos de locais em posições antagônicas, como se fossem um cortejo. O impacto visual de tais cenas é impressionante. A beleza destas cenas chama atenção de longe. Além disso, conseguimos ouvir as músicas que são muito bem cantadas durante todo o trajeto.

Sobre isso, gostaria de fazer um comentário à parte, pois a técnica vocal dos atores é impressionante. Fazer teatro de rua requer uma técnica vocal apuradíssima. Nesse sentido, congratulo o grupo pelo seu trabalho, pois podíamos ouvir perfeitamente todas as falas do espetáculo, cada palavra, o sentido e o sub texto de cada uma delas, independentemente do local onde estivéssemos. Isso tudo com a interferência dos ruídos naturais da rua.

O espetáculo é muito forte e ao mesmo tempo extremamente lírico. O elenco consegue abordar uma temática tão cruel, mostrando toda a sua face terrível, do mesmo modo que consegue aliar essas situações com momentos de tamanha doçura e delicadeza.

Não posso deixar de comentar sobre o trabalho do grande atuador Paulo Flores. Embora o elenco do espetáculo seja muito parelho, Paulo consegue humildemente se destacar. Escrevo “humildemente”, pois quem o conhece sabe que essa é uma das suas maiores qualidades. Paulo Flores tem uma técnica vocal invejável. Eu conseguia ouvir o retorno da sua voz vindo de distâncias muito grandes perto do calçadão de Pelotas. Além disso, a sua entrega ao personagem é algo admirável. Paulo Flores é um daqueles atores que merecem todo o respeito do mundo, não apenas pela sua história no teatro, seus inúmeros prêmios, mas acima de tudo, pela intensidade e beleza com que trata seus personagens. Qualidades estas que apenas os grandes detêm!

A cidade de Pelotas já pode tê-lo aqui, no final da década de 1990, dirigindo o espetáculo de teatro Um Homem é Um Homem, de Bertolt Brecht, que foi um sucesso de público e crítica em todo o estado durante aquele período. Mas, acima de tudo, a grande contribuição que Paulo Flores trouxe à cidade, foram as muitas sementes que ele plantou por aqui e que hoje rendem belos frutos pelo mundo à fora.

Também me sinto na obrigação de destacar o trabalho da grande atuadora Tânia Farias. Uma mulher de teatro que batalha para o fomento da visão crítica e política dos indivíduos na sociedade por meio dos projetos sociais que o Ói Nóis desenvolve. Como se não bastasse isso, Tânia é uma das atrizes mais premiadas do Brasil. O seu trabalho cênico é avassalador. A sua leveza, aliada a uma força impressionante, cativam e conquistam qualquer plateia que fica admirada com o tamanho dessa pequena grande atriz. Assistir Tânia em cena é sempre uma aula para qualquer ator e, por esse motivo, recomendo que assistam muito ao trabalho não só dela, mas de todo o grupo Ói Nóis Aqui Traveiz.

Ao término do espetáculo me dou conta de que estou em plena rua e que as lágrimas rolam pela minha face. Mas, também percebo que não sou o único. Muitas pessoas estavam chorando muito, quando o grupo canta a última canção do espetáculo, enquanto distribuem origamis à plateia e alguns nomes de desaparecidos políticos são lançados ao ar, como uma chuva de papel picado. Enquanto eu assimilava tudo aquilo que havia presenciado, me dava conta da qualidade do trabalho desses artistas ao conseguirem, mesmo na rua, nos fazerem esquecer de tudo e entrarmos totalmente na história que estava sendo contada.

O Ói Nóis Aqui Traveis é um patrimônio nacional e, como tal, devemos sempre voltar, cuidar e apreciá-lo! Tenho certeza que essa não foi a última vez que essa tribo de atuadores visitou a cidade de Pelotas. Por hora, nos resta esperar pelos próximos espetáculos com que eles venham a nos brindar.

Vagner Vargas
Ator – DRT:6606
Crítico de teatro

Berliner Ensemble traz Mãe Coragem, de Betold Brecht, para Ensinar o Verfremdungseffekt ao Público Local


Os sites de compras de ingressos já avisavam com um mês de antecedência que o espetáculo estava com seus bilhetes esgotados. Na bilheteria do teatro e nos postos de vendas do 19° Porto Alegre em Cena, a informação era a mesma. Porém, a procura por desistências e novos ingressos era imensa em todos os locais. Parecia que até mesmo aqueles que desconheciam Bertold Brecht ou o Berliner Ensemble sabiam que se tratava de um espetáculo especial e, por isso, merecia tamanho esforço para assisti-los.

Eu, assim como muitos, não consegui comprar os ingressos pela internet. Cheguei em Porto Alegre três dias antes da apresentação do espetáculo no dia 06 de setembro de 201. Não adiantou muito. Apesar de peregrinar por vários postos de vendas e aguardar horas sentado em frente à da bilheteira do Theatro São Pedro, não consegui comprar o ingresso.

Mesmo assim, não desisti. Cheguei 10 minutos antes do teatro abrir suas portas e fiquei observando a imensa fila de pessoas que dispunham de ingressos, assim como a outra fila dos que, como eu, tinham esperança de conseguir a liberação de cadeiras extras ou o surgimento de ingressos à venda naquele momento. Infelizmente, isso não ocorreu. Porém, enquanto caminhava pela frente do teatro ouvi umas senhoras comentando a felicidade de poderem comprar os ingressos com desconto, devido a sua faixa etária, o que lhes permitia assistir a um número maior de peças de teatro durante o Festival.

Então, quando começo a me afastar, uma delas diz para outra que comprou um ingresso a mais e que tentaria vendê-lo. Na mesma hora, saltei em direção a essa senhora e pedi para comprar o ingresso. Assim que me viu, uma outra moça chegou um pouco atrasada e a idosa me ofereceu o bilhete pelo preço integral. Quando lhe questionei se não o havia comprado pela metade do preço, minha adversária saltou e disse que pagaria o preço integral. Por uma questão de honra e por ter chegado primeiro, paguei o valor integral. A contra gosto, pois poderia ter pago 50% daquele valor. Mas, se não fosse assim, talvez eu não tivesse conseguido adentrar o teatro.

Começo o texto narrando essa minha saga por um ingresso, mas também gostaria de divulgar a minha indignação pelos altos valores dos ingressos para algumas apresentações durante esse evento. Esse festival de teatro que acontece na capital gaúcha recebe incentivos públicos, assim como verbas da iniciativa privada. Compreendo perfeitamente que o espectador deva aprender que tem que pagar para assistir ao trabalho dos artistas, do mesmo modo que paga para assistir a jogos de futebol, entradas e bebidas alcoólicas em casas noturnas.

Não me aterei muito a essas questões, pois já as abordei no texto publicado aqui: http://criticasparateatro.blogspot.com.br/2013/05/porto-alegre-em-cena-e-um-publico-avido.html  . O público deve aprender a valorizar e a pagar pelo trabalho dos inúmeros profissionais que trabalham no mercado artístico, assim como toda a economia indireta que se forma durante tais eventos. No entanto, isso não é desculpa para que os valores dos ingressos sejam tão altos.

Bom, após toda essa explanação, comentarei sobre o quanto a apresentação da peça Mãe Coragem e Seus Filhos, de Bertolt Brecht, me tocou durante os seus 180 minutos. A peça escrita em 1939, estreou em 1941, em Zurique. Mãe Coragem é uma mulher que tenta salvar os seus filhos dos horrores da guerra, conduzindo uma carraça com objetos que são vendidos tanto aos militares, quanto à população em geral. A personagem perde seus dois filhos para as propostas ilusórias do exército. Lá, esses dois garotos perdem suas vidas. Durante esse período, Mãe coragem continua sua peregrinação entre os destroços da guerra, tendo ao seu lado a sua filha muda.

Durante a peça, apesar do horror da guerra, vemos a descoberta de romances e momentos de lirismo, quando cada uma das personagens revela um pouco do que há de mais íntimo. Infelizmente, a menina muda perde a sua vida, tentando avisar aos moradores de uma pequena localidade sobre um ataque militar que se aproxima. Ante toda essa barbárie, Mãe Coragem decide continuar, pois não lhe resta outro destino, senão sobreviver.

O texto de Bertolt Brecht – grafia diferente do seu nome de nascimento, pois o escritor alemão gostava que seu nome fosse escrito dessa forma – traz à tona todo o contexto político vivido na Alemanha durante aquele período. Além disso, essa peça é um ótimo exemplo de como podemos analisar as características defendidas por Brecht sobre como deveria ser o seu teatro. Por todos esses motivos e muitos outros que eu poderia citar aqui, recomendo a leitura das muitas peças de teatro escritas por esse gênio da dramaturgia teatral.

O Berliner Ensemble é uma companhia de teatro alemã fundada em 1949, por Bertolt Brecht e sua esposa, a atriz Helene Weigel. Atualmente, o Berliner Ensemble está situado no Theater am Schiffbauerdamm, em Berlim. A companhia trabalha em consonância com os preceitos defendidos e propostos por Brecht e que revolucionaram a perspectiva do fazer teatral a partir de então.

A montagem que chegou ao palco do Theatro São Pedro era linda. Aliás, perfeita! Não há outra palavra para definir o espetáculo que pude ter o prazer de assistir e do quanto aquele trabalho mexeu comigo.

Inicialmente, ao entrarmos na plateia do teatro, víamos que o palco estava adaptado, diferente das suas proporções tradicionais, do tipo italiano, já que o palco do Berliner Ensemble, em sua sede, tem outras proporções espaciais. Toda a estrutura técnica da caixa cênica estava à mostra, assim como Bercht sempre defendeu, para que perdêssemos o costume de encararmos o palco como um espaço onírico. Não haviam coxias, as varas de iluminação estavam à mostra, o urdimento aparente e as cortinas abertas.

A música de Paul Dessau, com direção musical de Rainer Böhm, era executada pelos músicos Katja Kulesza (violino), Volker Schindel (acordeon), Silke Eberhardt (saxofone, clarinete e baixo) e Clemens Rynkowski (teclado e voz) em um espaço entre a plateia e o palco, conforme idealizado por Brecht, rompendo com ilusão de uma trilha que vinha dos bastidores ou do fosso da orquestra. Os músicos estão ali, o tempo inteiro, figurinados, maquiados, inteiros dentro do espetáculo. Mas, sempre mostrando que são músicos e que aquilo ali é teatro.

O Cenário de Frank Hänig conseguia transpor todos os ambientes e momentos pelos quais as personagens passavam durante aquele período. Pequenos elementos de cena eram trazidos à tona pela contra regragem de maneira quase que invisível e funcionavam perfeitamente, mostrando que não precisamos de um palco excessivamente poluído de elementos cênicos para que o público consiga perceber o ambiente em questão. Obviamente que tudo isso se tornava possível, pois cada item estava totalmente dentro da proposta e sendo funcional para cada momento da história.

O vagão da personagem protagonista, com todos os seus elementos e engrenagens, por horas parecia ser muito difícil de ser conduzido por uma atriz com idade avançada. Mas, ao mesmo tempo, justamente essa dificuldade, nos aumentava a sensação das agruras pelas quais aquelas pessoas estavam passando durante a guerra.

Os figurinos de Maria-Elena Amos ao mesmo tempo em que imprimiam uma identidade visual a cada um dos personagens, construíam uma coerência temporal para aquele momento de guerras. As texturas e a paleta de cores utilizadas passavam a sensação de frieza, dor e sofrimento presentes na vida daquelas pessoas. Apesar disso, alguns personagens apareciam em cena com maquiagens extravagantes, gerando um conflito visual com o contexto do visagismo. Esse, com certeza, deve ter sido mais um artifício do grupo para explicitar aos espectadores de que aquilo tudo se tratava de ficção, teatro e como tal, deveria ser visto com distanciamento e reflexão.

O espetáculo, dirigido por Claus Paymann, ainda conta com a dramaturgia de Jutta Ferbers responsável pela adequação da proposta de encenação, com o texto original de Brecht. Também não posso deixar de referir à beleza da iluminação cênica e dos efeitos especiais. Tanto a sua concepção, como a maneira com que eram operados e inseridos no momento exato de cada cena traziam uma beleza impressionante ao espetáculo, além de atuarem como elemento colaborador da história.

Apesar de alguns espectadores desavisados terem chegado ao teatro sem saberem de que se tratava de uma peça com 180 minutos de duração e toda em alemão, os Black outs para as trocas de cenas foram os aspectos que mais geravam comentários na plateia. Talvez essa demora tenha ocorrido, devido ao fato da adaptação espacial que o grupo teve que fazer no palco do Theatro São Pedro, o que lhes dificultava as trocas de cenário. Porém, se Brecht gosta de desassossegar seus espectadores, quem sabe esses momentos em que ficávamos imersos na escuridão da plateia não tenham sido colocados para que pudéssemos refletir sobre o horror que as pessoas inseridas em uma guerra não sejam obrigadas a passar?

O elenco formado por Carmen-Maja Antoni, Winfried Goos, Traute Hoess, Andy Kinger, Anna Graenzer, Martin Seifert, Veit Schubert, Martin Schneider, Michael Rothmann, Axel Werner, Detlef Lutz, Michael Kinkel, Manfred Karge, Roman Kaminski e Ursula Höpfner-Tabori é perfeito. Não há o que se possa apontar em suas atuações que não sejam elogios à tamanha verossimilhança cênica de suas personagens. O trabalho desses atores, sem exceção, era de tamanha entrega e verdade que não havia como não compreendermos tanto o que eles diziam, quando o que se passava nos sub textos de suas personagens.

Mesmo não falando alemão, a verdade desses atores era tão grande, que em vários momentos, eu deixei de ler as legendas e conseguia compreender o que eles estavam dizendo. Apesar de conhecer a história e já ter lido esse texto algumas vezes, a entrega dos atores nos fazia compreender o que estava sendo dito e não dito apenas pela intensidade dos seus olhares.

Brecht sempre disse, dentre outras coisas, que o teatro além de fazer pensar, também deveria entreter os espectadores. Uma das alternativas empregadas por ele, são os momentos que as personagens cantam. No caso desse espetáculo, as músicas não são alegres e seus textos contém um pouco das aflições que as personagens estão vivenciando. Esse também é um dos efeitos do distanciamento brachtiano ou o Verfremdungseffekt, assim como os interlúdios que também permitem o estranhamento do espectador ante aquela situação, quebrando a ilusão de espetacularidade teatral e fomenta a reflexão sobre aquelas situações que lhes estão sendo apresentadas.

Eu sempre costumo chamar a atenção para o fato de que, se os atores vão cantar no teatro, em primeiro lugar, eles têm que saber cantar. Isso não significa que eles devam cantar de maneira como os atores de ópera fazem, muito embora a técnica vocal destes cantores seja extremamente útil aos atores do teatro convencional. No caso desse espetáculo da companhia alemã, os atores desafinavam, não cantavam como cantores e nem suas vozes são do tipo que tocaria em alguma rádio ou faria sucesso entre os amigos em uma roda de violão.

Porém, a intensidade, subtexto e a carga de verdade com que o elenco imprimia às músicas nos fazia tanto nos distanciarmos da questão musical, quanto perceber o real sentido daquelas palavras inseridas em uma melodia que refletia o seu estado emocional interior. Além disso, a dissonância de suas vozes exemplificava o universo daqueles seres degradados pela guerra, de vidas que já não conseguiam mais se afinar nos acordes de uma normalidade comum nos tempos de paz.

Os momentos em que as personagens cantavam tanto no meio da plateia, quanto no palco, parecia que nos davam uma chacoalhada para que enxergássemos aquelas pessoas para além de quaisquer preconceitos que pudessem estar sendo construídos ao longo da peça, nos trouxesse para dentro da verdade de seus sentimentos e do quanto algumas palavras devem ser caladas em tempos onde a paz não existe. Muito apropriada e inteligente também foi a maneira como o grupo utilizou todo o espaço do teatro, seja no palco ou na plateia, seus personagens transitavam pelos espaços lembrando que os espectadores estavam ali, que existiam e que deveriam estar sempre atentos a se distanciarem da história que lhes estava sendo contada.

Apesar do nível do elenco ser extremamente uniforme, não posso deixar de ressaltar o trabalho impressionante de três atrizes. Iniciarei pela atriz Ursula Höpfner-Tabori, no papel da prostituta. A humanidade que essa atriz entrega a sua personagem fez com que o público a aplaudisse muito no final do espetáculo. Além disso, de maneira muito delicada e, ao mesmo tempo, dura e extravagante, a atriz consegue desmontar todos os pré conceitos sociais que a maioria das pessoas têm em relação a uma prostituta. Nesse caso, Ursula faz a plateia ir além e compreender o papel de sua personagem naquele contexto e das artimanhas que ela tem que fazer para sobreviver em um ambiente tão hostil.

Já a jovem atriz Anna Graenzer, interpreta Katarina, a menina muda com uma profundidade impressionante para a sua pouca idade e já atuando em uma companhia com a importância do Berliner Ensemble. As cenas em que a personagem tenta gritar, caindo em um pranto mudo e o momento em que ela tenta avisar a vila que será atacada pelos militares foram de uma intensidade imensa. Não tinha como não se emocionar e se envolver com o que estava se passando com aquela menina. Essa não foi uma opinião só minha. Posso dizer isso, tamanhas foram as ovações a essa jovem atriz após o término do espetáculo.

A plateia aplaudiu em pé, sem parar, por mais de 15 minutos após o espetáculo, o que emocionou e tocou ao elenco que voltava para agradecer com muita surpresa. Toda a equipe técnica, contra regragem, atores e músicos se mostravam encantados com a ovação que os espectadores estavam lhes ofertando em retribuição pela obra de arte que haviam apreciado naquela noite.

Agora, um capítulo à parte se deve à pequena grande atriz Carmen-Maja Antoni que deu vida à protagonista desta história, Mãe Coragem. A atriz de pequena estatura, aparentando ser uma senhora idosa, com possíveis limitações decorrentes da idade avançada, lhe conferia uma aparência de fragilidade. Entretanto, a sua força cênica era tão grande que a tornava uma gigante no palco, capaz de guardar todos os espectadores no seu bolso e conduzir, por meio do seu enorme carisma, a história para além dos sofrimentos e batalhas que aquela mulher tinha que enfrentar para se manter viva como mulher em um período de guerra.

Os olhos dessa atriz gritavam os sub textos de sua personagem, assim como lhe conferiam uma humanidade impressionante. O tom de voz que lembrava Edith Piaf ressaltava a verdade com que cada uma das palavras que saiam da sua boca eram ditas e do quanto nenhuma delas era externalizada em vão. A fragilidade resiliente de Carmen-Maja nos fazia ao mesmo tempo compadecer com a sua história e a aprender a não julgar a personagem pela situação, quando desconhecemos o seu interior. Somente uma grande atriz e com tanta competência conseguiria dar tamanha vida a sua personagem.

Não há como sair do teatro sem ter sido tocado pela história de Mãe Coragem e seus filhos e, nesse caso, da alegria de ter visto uma montagem com tamanha excelência e tão de acordo com os preceitos do seu criador. Saliento isso tendo em vista a audácia de alguns comentários que ouvi de “teóricos” e acadêmicos da arte teatral local ao término do espetáculo referindo terem visto tudo menos o efeito de distanciamento brechtiano em cena.

Em um primeiro momento, eu ri de tais comentários, devido a sua arrogância para chegarem ao ponto de dizer que a companhia de teatro criada pelo próprio autor da peça e das teorias criadas por ele não estava atuando de acordo com a proposta do próprio Bertolt Brecht. Talvez essas pessoas creiam que o fato de ocuparem certos cargos e ensinarem as suas interpretações sobre as propostas de Brecht sejam superiores ao trabalho da companhia de artistas que se dedica a manter a tradição e propostas de seu criador, ainda vivas nos dias de hoje, conforme ele fazia em seu teatro.

Achei tais comentários hilariantes, pois apenas transparecem o fato da arrogância ser irmã gêmea da ignorância e filha da incompetência. Possivelmente, essas pessoas, ao terem estudado as propostas de Brecht e suas peças, tenham tido uma compreensão aquém do que ele realmente propôs. Ninguém está livre para que pessoas limitadas leiam seus textos e saiam passando à diante uma visão simplista dos seus conteúdos. Nesse caso, foi o que me pareceu. Infelizmente, eles tiveram uma leitura muito rasa sobre o que é o Verfremdungseffekt e de que maneira ele estava magistralmente posto em cena na montagem que havíamos acabado de assistir.

A atuação dos atores era realista, não precisava ser estilizada, pois a proposta não era essa. O trabalho físico dos atores não precisava ser explicitado em performances exuberantes apenas possíveis aos mais jovens. O corpo dos atores estava ali, vivo, presente e falando muito, sem precisar ficar correndo ou se movendo pelo palco de maneira aleatória. Além disso, os atores não precisavam reduzir o seu trabalho à ilustração de que estavam dialogando com a plateia. Não há a necessidade de ser tão simplista para que a plateia compreenda essa relação.

Tudo estava ali, discretamente bem colocado. Perceptível aos olhos daqueles que realmente conhecem a proposta do teatro brechtiano. Mas, esses são por menores técnicos que cabem apenas aos profissionais das artes cênicas e àqueles que teorizam sobre os seus trabalhos. Quanto ao público, conforme Brecht propunha, ele tem que estar ali, atento, reflexivo, crítico e, acima de tudo, se entretendo.

Se a arrogância dos pseudo teóricos locais lhes permitisse ler esse texto, eu recomendaria que descessem um pouco mais dos seus saltos intelectualoides, para realmente refletirem sobre o fato do teatro que eles pensam ser o ideal não seja justamente o que está afastando os espectadores das plateias no país inteiro. O trabalho do Berliner Ensemble foi um excelente exemplo de como artistas de verdade fazem com que a sua arte cative à plateia.

Aqui no Rio Grande do Sul, a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz foi responsável por montagens competentes e de extrema qualidade de várias peças de Bertolt Brecht. O que também foi visto nos palcos pelotenses, no final dos anos 90, com a montagem de Um Homem é Um Homem, sob a direção de Paulo Flores. Tanto o espetáculo pelotense, quanto os montados pelo Ói Nóis Aqui Traveiz foram sucesso em todo o estado e representam típicos exemplos de como podemos realizar montagens artisticamente competentes desse autor aqui no nosso estado.

Para quem ficou interessado em ter uma pitada do espetáculo que gerou toda essa crítica, deixo aqui um link contendo uma cena dessa peça: http://youtu.be/FaZHB5QJCUM

Finalizo aqui desejando que o Berliner Ensemble possa voltar outras vezes ao Brasil, trazendo a beleza dos seus trabalhos. Além disso, também espero que a obra de Bertolt Brecht receba outras montagens nos palcos gaúchos à altura do seu criador.

Vagner Vargas
Ator – DRT: 6606
Crítico de teatro




Maturidade, Talento e Ética no Teatro: A Cia Pelotense de Repertório


Era um domingo, 16 de setembro de 2012, chuvoso e frio, típico do final de inverno em Pelotas. Porém, essa não foi a desculpa para manter um expressivo número de pessoas em suas casas assistindo aos enfadonhos programas de televisão exibidos nos canais abertos. Motivados pelo anúncio do novo espetáculo de teatro da Companhia Pelotense de Repertório, muitos espectadores resolveram aproveitar o dia para apreciar essa estreia.

Uma das novidades, se referia ao fato do local da apresentação se dar no João Gilberto Bar, um espaço até então não explorado pelas artes cênicas pelotenses. Este espaço já tradicional e conhecido na região por suas festas e shows musicais, abriu suas portas para um novo filão de mercado: o teatro.  A este fato, devemos saudar o pioneirismo da Cia Pelotense de Repertório por estar abrindo caminho para quiçá um novo espaço fixo para apresentações teatrais em Pelotas. Obviamente que, dada a estrutura do local, os espetáculos teatrais que ali possam vir a ser encenados precisarão ser específicos a esse contexto.

O primeiro fato que chamou a atenção, foi o número de espectadores, pois eles, apesar de em grande número, representam ainda uma pequena parcela de pessoas que possam vir a buscar esse tipo de entretenimento em dias e locais fora dos usuais. O fato da proposta da Companhia ser para apresentar seu espetáculo em bares, já agrega um potencial interessante e atraente ao público, pois, além de irem apreciar uma obra teatral, também podem dispor do conforto e dos serviços que um bar e restaurante possa lhes oferecer e, após a apresentação, confraternizar com o elenco e frequentadores do local.

Esse fato permite que os espectadores se sintam motivados a saírem de suas casas para assistirem a uma peça de teatro, já que sabem que não irão se deslocar a um local geralmente insalubre, onde deverão permanecer horas em pé, no frio e com pouca ventilação, como alguns grupos de teatro crêem como única alternativa para apresentações em espaços “alternativos”. A necessidade de buscar novos locais para manter a arte teatral viva na cidade de Pelotas se faz necessário, uma vez que o único teatro público da cidade permanece fechado há mais de 2 anos pela atual gestão municipal.

O segundo aspecto que me despertou o interesse na plateia, foi a faixa etária dos espectadores. Comumente, costumamos ver adolescentes e adultos jovens nas plateias dos teatros. No entanto, para esse trabalho da Cia Pelotense de Repertório, observei que a maior parte do público era composta por pessoas de meia idade e idosos. Também devemos prestar atenção a essa situação, pois isso mostra além de uma empatia dessas pessoas ao excelente trabalho do grupo de atrizes que estava se apresentando, demonstra ser uma fatia de público pouco explorada pelos artistas de teatro nos dias de hoje.

Nesse dia, a Cia apresentou o Stand up Comedy 4.5 A Toda Potência. O espetáculo, apesar de dialogar com o estilo tradicional das comédias em pé norte americanas, possui um enredo, com momentos em que cada uma das personagens vai contando a sua história, outros onde dialogam entre si e com a plateia. O texto criado por Joice Lima, que também assina a direção, foi criado a partir de situações e histórias pessoais das atrizes e de pessoas que colaboraram para a criação da peça de teatro. Com ótimas sacadas em tom de humor, as atrizes Joice Lima, Ana Alice Muller, Neusa Maria Khun, Márcia Monks e Val Fabres vão revelando as problemáticas e vivências de mulheres que já passaram dos 40 anos.

Talvez, esse seja um dos aspectos que tanto gerou empatia e identificação da plateia que se fez presente. Foi muito prazeroso observar os espectadores se divertindo, gargalhando e comentando com seus amigos sobre as situações que as personagens iam revelando. Temáticas como amor, adultério, solidão, fantasias sexuais e o amadurecimento foram abordadas no tom certo durante a construção dramatúrgica do espetáculo. Gostaria de salientar a ótima sacada do elenco ao aproveitar o espaço onde estavam se apresentando para dialogarem com os espectadores de maneira mais próxima, quebrando as barreiras entre o “espaço do artista” e o “espaço da plateia”.

Além disso, a intimidade, talento, carisma e  entrosamento das atrizes permitia que o enredo fosse se desenvolvendo de uma maneira muito leve. O tempo de comédia estava na medida certa para as situações que as personagens viviam, o que estimulava ótimas gargalhadas ao público presente.

Com certeza, foi um final de domingo muito agradável a todos que foram assistir ao espetáculo 4.5 a Toda Potência. Essa é apenas uma das diversas peças de teatro que a Cia Pelotense de Repertório possui e que costumam ser frequentemente levadas aos palcos.

A maturidade cênica do elenco representa um dos fatores de destaque dessas artistas, não somente pelo respeito que demonstram com os seus espectadores ao oferecerem espetáculos que sejam agradáveis, mas também, por considerarem o conforto e bem estar de quem lhes assiste. Isso, faz com que o público se sinta respeitado e valorizado pelos artistas e não pareça que o artista está fazendo um favor aos espectadores e por isso devam ir a qualquer lugar, com qualquer estrutura para assisti-los.

O público carece de entretenimento e espetáculos de boa qualidade. O número expressivo de pessoas na plateia desse dia ressalta a necessidade da oferta artística que contemple não apenas essa faixa etária, mas também às pessoas que desejam sair de suas casas e viverem momentos agradáveis em contato com a arte.

Portanto, recomendo para quem ainda desconhece os trabalhos da Companhia Pelotense de Repertório, que guarde bem esse nome e procure assistir aos seus espetáculos que constantemente circulam pela região. Além disso, reforço o valor do empenho, ética e respeito que esses artistas matem na criação de suas peças de teatro.

Vagner Vargas
Ator DRT: 6606
Crítico de Teatro