segunda-feira, 13 de maio de 2013

E A Ópera Consquista o Teatro


        A tradição de o público ir à ópera com o intuito de assistir não apenas a uma apresentação musical, mas também a um espetáculo teatral se popularizou há séculos. Entretanto, apesar de alguns países europeus manterem essa tradição com a mesma frequência, os espectadores brasileiros não têm tanto o costume de ir ao teatro para assistirem a uma ópera. Será?

                Já começo esse texto instigando o leitor a refletir sobre o assunto, pois comentarei sobre a experiência que observei no dia 11 de novembro de 2011, no Theatro Guarany, em Pelotas/RS, onde foi apresentada a ópera cômica “ La Serva Padrona”, de Giovanni Pergolesi. A história versa sobre as artimanhas que uma empregada faz para conquistar o coração de seu patrão e impedir que ele se case com outra mulher. Com um desenrolar cheio de peripécias engraçadíssimas, a serva consegue atingir o êxito em sua empreitada no final do espetáculo.

                A montagem feita pela Orquestra de Câmara da FUNDARTE, contava com um elenco formado por Rosimari Oliveira, Ricardo Barpp, Juliano Rossi, regência de Antônio Borges-Cunha, direção e concepção cênica da excelente atriz e diretora de teatro Jezebel de Carli. Os que estiveram presentes, observaram um teatro totalmente lotado por um público ansioso por prestigiar uma linguagem cênica com tão poucas montagens nos dias de hoje. Não foram poucas as vezes que ouvi dos espectadores a minha volta, comentários interrogativos sobre como seria uma ópera e que tipo de histórias contava.

                A proposta cênica em questão, quebra com o paradigma de que, para montar uma ópera, há a necessidade de um grande elenco e uma orquestra enorme. Obviamente, que o texto de Pergolesi favorece, pois é composto por poucos personagens. Entretanto, assim como esse, existem muitas óperas que poderiam ser tranquilamente levadas à cena.

                Gostaria de salientar a proposta de encenação que colocou os instrumentistas e regente em cima do palco não apenas como músicos que executam a trilha sonora do espetáculo, mas também com personagens que interagem e fazem parte do contexto cênico. A caracterização, figurinos, maquiagem, iluminação e cenário estavam totalmente integrados à proposta da diretora. Nesse sentido, gostaria de ressaltar o trabalho de Jezebel de Carli que aqui dirige o elenco todo com muito talento, extraindo desses profissionais os melhores resultados cênicos. Além disso, Rosimari, Ricardo e Juliano contagiaram a plateia não apenas pelo seu talento vocal, mas pelo seu carisma e verossimilhança que conferiram aos seus personagens.

                Todo esse trabalho, resultou numa ótima aceitação do público que se divertia às gargalhadas com as peripécias de Serpina, interpretada por Rosimari. Apesar das músicas serem cantadas em outro idioma, a utilização de legendas colaborou para que os espectadores pudessem compreender o desenrolar da história.
                Nessa noite, o que ficou claro é que não é que o público goste ou desgoste de ópera, ele apenas não tem o hábito, desconhece essa linguagem cênica e, na maioria das vezes, não tem acesso a esse tipo de espetáculo. Termino esse texto com a felicidade de ver um teatro lotado e os espectadores saírem satisfeitos com o que acabaram de assistir.

Vagner Vargas
DRT – Ator – 6606 – Crítico Teatral.

Texto publicado em 06/08/2012

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